Hanseníase: O Que É?
A Hanseníase - popularmente conhecida como Lepra
- é uma doença provocada pelo bacilo de Hansen, descoberto pelo médico norueguês
Gerhard A. Hansen. Ela é transmitida pelas
vias aéreas: uma pessoa infectada libera bacilo no ar e cria a possibilidade de
contágio. Porém, a infecção dificilmente acontece depois de um simples encontro
social. O contato deve ser íntimo e freqüente. A
doença é conhecida desde a Antiguidade, quando ainda não se conhecia a cura
As pessoas mais suscetíveis ao bacilo são
aquelas com baixa resistência imunológica, que vivem em ambientes anti-higiênicos ou
que levem uma vida promíscua.
A Hanseníase é uma moléstia infecciosa
crônica. No mundo todo há cerca de 1.000.000 de pacientes em registro ativo, mas
estima-se que realmente haja 1.260.000 pacientes que se distribuem em países de pobre
situação sócio-econômica. Estas estimativas estão aquém da realidade, pois só no
Brasil, estima-se cerca de 500.000 casos. A Hanseníase não teria a importância que tem
se fosse apenas uma doença de pele contagiosa. Mas é a sua predileção pelos nervos
periféricos que causa as incapacidades e deformidades, que são responsáveis pelo medo,
pelo preconceito e pelos tabus que envolvem a doença. É , portanto uma doença
contagiosa e que deforma.
Sintomas
A lepra provoca perda de sensibilidade na área
afetada. Isso significa que, nessa região, a pele fica como que "morta",
sem qualquer sensação tátil. A região afetada costuma apresentar uma ou várias
manchas que destoam da pele.
Embora isso seja mais comum no local afetado,
sabe-se que até mesmo um membro inteiro pode perder a sensibilidade. Queda de cabelo e
pêlos e ausência de suor no local também podem ocorrer.
À medida que a doença evolui, abrem-se
erupções na pele (chagas) e várias lesões, indicando que o bacilo está se
alastrando. Sem tratamento, até mesmo os nervos vão sendo comprometidos, a ponto de
atingir o Sistema Nervoso Central.
Neste estágio, os nervos tornam-se expessos e
doloridos, primeiramente causando excesso de sensibilidade e, tempo depois, a falta
progressiva dela, seguida de atrofia.
Exame Clínico e Laboratorial
Em exames clínicos, o teste mais comum é o da
picada sobre o local afetado. O médico utiliza uma agulha e, durante o exame, a pele é
picada, ora com a ponta da agulha, ora com a cabeça dela. O paciente, normalmente,
olhando para o lado oposto a pedido do especialista, precisa "adivinhar" com
qual parte da agulha o médico o está tocando. Os doentes simplesmente não conseguem
detectar nenhuma das partes do instrumento, por causa da ausência de sensibilidade.
Em laboratório, os exames mais comuns são os
bacterioscópicos (através do muco nasal ou lesões cutâneas). A biópsia (exame de
amostra do tecido lesado) também pode ser feita.
Tratamento
Atualmente, a hanseníase tem cura, qualquer
que seja a forma de hanseníase. A cura acontece utilizando-se medicamentos que provocam a
morte dos bacilos.
A hanseníase se apresenta, basicamente, de duas formas. O
tratamento depende do tipo. Se for do tipo paucibacilar (com poucos bacilos), o tratamento
é mais rápido. É dada uma dose mensal de remédios durante seis meses. Além da
ingestão de um comprimido diário. Se for do tipo multibacilar (com muitos bacilos), o
tempo para tratamento é mais longo. São 24 doses do medicamento, uma por mês. Além de
dois outros remédios diários durante os dois anos.
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Brasil
tem maior incidência de hanseníase
O Brasil superou a Índia
e se transformou no País com maior prevalência de hanseníase no mundo. De acordo com os
últimos dados da Organização Mundial de Saúde, a média no Brasil é de 4,1 casos para
cada grupo de 10 mil habitantes.
Na Índia, esse índice é
de 3,2 pacientes por 10 mil habitantes. Embora reconheça que os índices sejam elevados,
o Ministério da Saúde contesta a primeira colocação no ranking da doença.
O diretor do departamento
de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Nacional de Vigilância em Saúde, Expedito
Nuna, atribui a péssima colocação do Brasil à metodologia usada para montar a lista.
Nuna afirma que o País não segue dois critérios usados pela OMS.
Um deles considera curado
o paciente um ano depois do início do tratamento, independentemente de avaliação. O
segundo considera também curadas pessoas que abandonaram a terapia. "Por julgarmos
incorreto, não adotamos esse método", disse Nuna.
O presidente do Movimento
de Reintegração das Pessoas Atingidas por Hanseníase (Morhan), Artur Custódio de
Sousa, tem outra avaliação. "A Índia avançou no combate à doença e nós estamos
estagnados", diz.
Para ele, o tratamento da
doença no País está longe de ser o ideal. "Tivemos o compromisso de que haveria
uma ênfase tanto para o diagnóstico precoce quanto para o tratamento, mas muito pouca
coisa mudou", afirma.
Como exemplo da
estagnação, o presidente do Morhan cita o número de casos novos da doença: "Há
tempos ele não sofre alterações significativas." No último ano, foram 38,4 mil
casos. "Somos os primeiros no mundo e responsáveis por 90% dos casos registrados nas
Américas."
(Lígia Formenti, Estadão- Julho/2003) |
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Tratamento Tardio
Embora possa ser curada, se o tratamento for
tardio ou inadequado, a pessoa pode ficar com seqüelas (deformidades), mesmo já estando
curada da infecção. Neste caso, as deformidades não transmitem a infecção.
As pessoas curadas, mas com alguma deformidade
por menor que seja, precisam apenas aprender a se cuidar para evitar traumatismos e
ferimentos que podem originar outros problemas.
(fonte / texto: Enciclopédia Abril, Vol 7, 1.976, Hospital Santa
Lúcia, Site Oficial do
Morhan,ASMC, Hanseníase)
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